A agressão doméstica é um problema muito comum hoje em dia e vem ganhando proporções absurdas, principalmente durante o isolamento social, em que mulheres são obrigadas a ficar nas suas casas com os seus agressores sem nenhum meio de comunicação. Segundo a Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos, as denúncias cresceram em média 14% até abril deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. Só em São Paulo, o Fórum Brasileiro de Segurança pública relata que as ligações para o 190 aumentaram 44,9% em relação a março de 2019. Apesar das denúncias terem aumentado, muitas mulheres não podem ou não têm coragem de denunciar seus agressores, pois têm medo de que algo aconteça com elas ou, em alguns casos, até com seus filhos.
O próprio lar é o lugar mais perigoso para as mulheres que sofrem agressão dos seus parceiros. O Fórum Brasileiro de Segurança Pública aponta que 16 milhões de mulheres com mais de 16 anos já sofreram algum tipo de violência, sendo a maioria doméstica. Agressão doméstica é um tema muito delicado de se tratar, pelo fato de sabermos que muitas mulheres não conseguem se livrar dela com facilidade e muitas vezes se torna algo muito maior.
O fato de estarmos no meio de uma quarentena aumentou os casos de agressão, por dar mais facilidade para o parceiro, já que eles têm que ficar juntos em casa o dia inteiro. “Ele nunca tinha tido uma atitude parecida. Com a pandemia, a quarentena afetando nossa vida financeira, o estresse, a preocupação com grana... Acho que tudo isso fez com que ele perdesse a cabeça"- depoimento de uma vítima recente de violência doméstica
Apesar do problema que envolve agressão doméstica ser muito pessoal, não podemos deixar de ajudar as mulheres que continuam sofrendo abuso e não conseguem denunciar. Por isso, algumas mulheres se juntaram e criaram um grupo de apoio para aquelas que estão sofrendo agressão doméstica durante o isolamento. “Pensando em muitas mulheres que não têm a casa como lar, um espaço de refúgio e descanso, coletivos e organizações se uniram em campanhas espalhadas nas redes sociais com o intuito de formar um grande movimento de solidariedade. Uma das iniciativas é a #VizinhaVocêNãoEstáSozinha, da rede Agora É Que São Elas, com o objetivo de mostrar que a mulher não precisa se calar diante de qualquer tipo de agressão…” - depoimento das organizadoras da rede.
No momento, toda ajuda é necessária. Mulheres morrem todos os dias por não conseguirem ficar longe dos agressores e principalmente durante a pandemia, em que os casos só aumentam.
Camila Lemos