Naturalmente utilizamos a expressão “ Tudo é questão de lógica!”. No entanto, é preciso ponderar que o desenvolvimento do pensamento lógico não é tão simples assim. Um dos lugares, com cenário mais propício à construção deste é a escola. Isto porque a interação acontece o tempo todo e em diferentes contextos.
Na Educação Infantil, é possível identificar a presença constante de brincadeiras e jogos nas aulas de Matemática. O planejamento das atividades é alinhado às intencionalidades pedagógicas e ao desenvolvimento das competências desejadas a cada fase do desenvolvimento. O brincar e o jogar ocupam um espaço relevante por fomentar o pensamento lógico-matemático de maneira ativa e contextualizada. Através deles se constroem os processos mentais que estruturam o raciocínio. Brincadeiras, jogos e materiais concretos (manipuláveis) são meios indispensáveis para o desenvolvimento do raciocínio lógico na Educação Infantil.
No contexto escolar, buscamos trabalhar com situações-problema reais criando soluções efetivas e explorando as possibilidades apresentadas pelas crianças. É no surgimento do problema e na elaboração da solução que se dá o desenvolvimento do pensamento lógico-matemático, quando as cabecinhas das crianças buscam, mentalmente, descobrir possibilidades e testar hipóteses.Trata-se de um processo metacognitivo: CRIAR, RECRIAR E REFLETIR SITUAÇÕES DIVERSAS.
Momentos como a hora do lanche é um excelente exemplo. Costumamos utilizar esta situação da melhor maneira possível. Explorar quantidades de pratos, talheres, alimentos; criar perguntas sobre tais elementos; Será que têm pratos/talheres suficientes? Vieram talheres a mais/ a menos? O que faremos? É provocando e analisando as respostas, que conseguimos descobrir qual a “lógica” utilizada pelas crianças e o nível do desenvolvimento do pensamento em que se encontram, para a partir de então, criar situações adequadas a cada contexto.
Ao chegar no Ensino fundamental 1, o brincar e o jogo não são considerados menos importantes, porém, é nessa etapa que os registros escritos assumem um lugar de maior destaque. Uma vez que as crianças já são capazes de representar o pensamento de forma cada vez mais clara e ordenada, fazemos uso da capacidade de utilizar diferentes sistemas de representação para garantir a melhor apropriação dos diversos conceitos matemáticos. Panizza, 2006, defende que haja um processo ordenado de ação efetiva, representação gráfica e representação simbólica da Educação infantil às séries iniciais do Ensino fundamental 1, logo a brincadeira e o jogo se unem ao registro para criar e estruturar efetivamente o raciocínio lógico.
] Nesta fase de escolarização, destaca-se o fazer autônomo das crianças. Uma vez mais apropriadas de conceitos fundantes do pensamento matemático, a expressão “tudo é questão de lógica” ganha um sentido real para as crianças. O que constrói a lógica é a ampliação dos esquemas mentais, de forma quase que dialética, aprende-se um conceito, depois aprende-se algo mais complexo sobre o mesmo objeto e a partir de então, cria-se uma nova e mais consistente aprendizagem.
Nas séries iniciais do Ensino Fundamental, as crianças começam a aprender a calcular numericamente, a pensar no ambiente com dimensões espaciais, a resolver e elaborar problemas numéricos. Para isso, é preciso oportunizar e orientar a criação de hipóteses e estimativas.
Esse trabalho de estímulo ao raciocínio lógico por meio da resolução de problemas aprofunda-se nas salas finais do Ensino Fundamental 1 (4ºs e 5ºs anos).Os alunos são encorajados e estimulados, por suas professoras, a explorarem uma variedade de ideias matemáticas relacionadas a números, medidas, geometria, estatística, abordadas em diversas situações cotidianas de compra e venda, de planejamento de eventos etc, com o objetivo de instigar a curiosidade e a capacidade de usar o raciocínio lógico- matemático, valorizando as habilidades e competências de cada aluno(a).
E para que resolvemos situações-problema em sala de aula?
Resolver situações-problema faz com que as vivências dos(as) alunos(as) se tornem centro de sua aprendizagem, construindo, assim, um aprendizado com significado. É importante ressaltar, entretanto, que, ao trabalhar tais situações, valorizamos muito o caminho traçado para se chegar ao resultado destes problemas. Percebemos cada vez mais apropriação dos conteúdos quanto mais conscientes do processo estão os/as estudantes. E é essa trajetória que estimulamos, que valorizamos no Colégio Apoio. A resolução de situações-problema norteia a construção do conhecimento com a participação ativa e o protagonismo de cada aluno/a.
Mas, na prática, como resolvemos essas situações-problema em sala de aula?
Antes de mais nada, é preciso organização. Segundo Panizza (2006, p.51) “para organizar a sua atividade de resolução, o aluno deverá buscar entre todos os seus conhecimentos matemáticos, aqueles que lhe pareçam pertinentes, tomar as decisões que correspondem à escolha destes, prever possíveis resultados”.
Seguem abaixo algumas das etapas utilizadas com os(as) nossos(as) alunos(as):
- Identificação do problema - leitura cuidadosa e atenciosa para identificação inicial do problema.
- Observação - releitura do problema analisando o que sabemos, que dados utilizaremos, e o que queremos saber.
- Planejamento - que registro, que cálculos, que operações iremos fazer?
- Ação - colocar em prática o que foi planejado.
- Verificação - revisão das ações com base nas estratégias anteriores.
- Conclusão - organização e registro da resposta completa.
Outro ponto muito importante no desenvolvimento de atividades relacionadas à resolução de problemas é a socialização dos caminhos e resultados encontrados. No Colégio Apoio, o trabalho com resolução de situações-problema, além de estimular o raciocínio lógico-matemático, possibilita as interações entre o(a) aluno(a) e seus pares, entre o/a aluno/a e professor/a, assumindo este/a último/a, o importante papel de mediador/a da aprendizagem. Por meio dessas atividades, sejam elas individuais ou em grupos, os alunos têm a oportunidade de trocar informações e conhecimentos, confrontar ideias, testar possibilidades, errar, reorganizar o pensamento, refazer, construir o seu resultado e socializá-lo. “O aluno deve ser capaz não só de repetir ou refazer, mas também de ressignificar em situações novas, de adaptar, de transferir seus conhecimentos para resolver novos problemas”. (CHARNAY, 1996, p.38).
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