Não há escapatória: vivemos em um mundo conectado e mediado pelas mais diversas tecnologias. Crianças e adolescentes crescem em contextos em que as tecnologias digitais estão cada dia mais presentes, seja intermediando as relações sociais, seja como fonte de entretenimento e de acesso à informação.

No contexto escolar, comprovamos diariamente que, se utilizada de maneira intencional, crítica e consciente, a tecnologia é uma forte aliada no processo de ensino-aprendizagem de crianças e adolescentes, visto que proporciona não apenas o contato com o conhecimento já produzido pela humanidade, mas apresenta, também, caminhos para que os nossos estudantes se tornem autores e produtores de conhecimento. É com base nessa compreensão que se baseia o projeto de Educação Digital do Colégio Apoio.  

Para que aconteça a evolução de consumidores de informação para produtores de conhecimento, é preciso fomentar a cultura da criatividade, a partir de uma perspectiva ativa e colaborativa de aprendizagem. É nesse cenário que a cultura maker se materializa em nossas salas de aula. 

 

 

A cultura maker nada mais é do que a ideia de que qualquer pessoa é capaz de consertar, construir ou criar soluções para seus problemas cotidianos. Ou seja, maker é alguém que participa ativamente do processo de fabricar, com as próprias mãos, objetos físicos ou digitais que respondem a uma necessidade individual ou coletiva.  

Remanescente da filosofia “Do It Yourself” (DIY), ou “Faça Você Mesmo”, que tem sua origem nos movimentos de contracultura do final da década de 1960, a cultura maker preconiza que todos somos capazes de construir, reformar ou transformar algo sem, necessariamente, termos a ajuda de especialistas. 

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Para a área da Educação, a inserção do movimento maker nas práticas pedagógicas é relativamente recente. A forma mais comum disso acontecer é a partir da criação e uso de Fab Labs. O termo Fab Lab é a abreviação da expressão “fabrication laboratory” que, em tradução livre para o português, significa “Laboratório de Fabricação”. Ou seja, é um espaço para o desenvolvimento de projetos de prototipagem de soluções inovadoras, que conta com diversos tipos de equipamentos, ferramentas e materiais. Dentre eles, cortadoras a laser, impressoras 3D, ferramentas manuais e elétricas. 

 

Em nosso Colégio, a cultura maker vem sendo sistematicamente integrada ao currículo escolar desde 2019, a partir da parceria com o Fab Lab Recife. Aliados no processo de desenvolvimento de projetos maker que integram conteúdos do currículo e o mundo real, a equipe do Fab Lab Recife articula, em conjunto com nossos professores, diferentes atividades educacionais que proporcionam aos nossos estudantes experiências de aprendizagem criativas e significativas.  

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É no Laboratório maker do Colégio Apoio que acontecem as práticas “mão na massa”, que têm como objetivos centrais: levar nossos alunos e alunas a aplicarem conceitos científicos a situações reais; mediar o desenvolvimento de projetos colaborativos que solucionem problemas identificados, seja na comunidade escolar ou fora dela; propiciar espaços para experimentação e testagem de hipóteses, além de desenvolver competências motoras, a partir do uso de ferramentas, materiais e mídias. E tudo isso acontece através dos diversos projetos desenvolvidos pelos estudantes do 5º ao 9º Ano, no decorrer do ano letivo. 

 

No início das suas jornadas maker, os estudantes dos 5º Anos do Ensino Fundamental são desafiados a buscar soluções para problemas identificados pela comunidade escolar, ou seja, pelos funcionários, professores, alunos e alunas de outras turmas ou até por eles mesmos e seus familiares. Aqui, entende-se por “problema”, uma situação que demanda uma resolução, algo que possa ser planejado, testado e produzido pelos estudantes.

 

Alternativas para resolver o tráfego na frente da escola; organização e sinalização de espaços coletivos; construção de utilitários para organização das salas de aula; redução do consumo e reutilização de resíduos recicláveis; elaboração de materiais didáticos para estudantes com necessidades educacionais específicas, dentre outros. Todos esses são exemplos de problemas que já foram identificados e solucionados por nossos estudantes. 

 

Expandindo-se para além da comunidade escolar, aos estudantes do 6º ao 9º Ano são lançadas propostas que incentivam a identificação e resolução de problemas reais da cidade em que vivem. E eles fazem isso a partir de pesquisas em comunidades próximas à escola, buscando compreender as necessidades do local, a fim de criar projetos que possam contribuir para a transformação do contexto social investigado.  

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A partir da abordagem do Design Thinking, passando pelas fases da inspiração, ideação e prototipação, os estudantes são incentivados a pensar e planejar juntos suas ideias, tirando-as do papel e trazendo-as para o mundo físico. Para tanto, utilizam diversas técnicas e recursos diversificados, dos mais tradicionais aos mais contemporâneos. Conhecem e se aprofundam em plataformas digitais de modelagem 3D e programação, como o Tinkercad. E fazem seus protótipos utilizando as máquinas de fabricação digital, integrando eletrônica, design e marcenaria, por exemplo. No entanto, é importante enfatizar que a cultura maker não precisa, necessariamente, de grandes maquinários, ferramentas ou materiais de alta qualidade. 

 

O essencial, em nosso projeto pedagógico, é possibilitar momentos de encontro, em que os estudantes experimentem, improvisem e testem suas ideias, para que possam, assim, desenvolver a habilidade de criar soluções, transformando o símbolo em matéria, a partir do trabalho coletivo. E, com isso, desenvolver a capacidade de transformar a si mesmos e seus contextos, para, então, inventar o futuro.

Karla ferreira (Professora de Tecnologia Educacional e educadora Maker) e Michel Souza ( Educador Maker).

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